“Sem saúde mental, não há saúde”. Esse foi o tema da palestra promovida pela Associação das Defensoras e Defensores Públicos do Estado do Amazonas (Adepam), em parceria com a Defensoria Pública do Amazonas, em alusão à campanha Setembro Amarelo, com o objetivo de sensibilizar os servidores e defensores sobre a prevenção ao suicídio. O evento aconteceu nesta quinta-feira, 24, no auditório anexo da Defensoria Pública do Estado do Amazonas.
São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
Durante a abertura do evento, o Defensor Público Geral do Estado, Ricardo Paiva, destacou a importância da campanha. “O setembro amarelo é um mês de reflexão para que possamos fazer uma higiene mental. E a pandemia, o isolamento social, veio para reforçar a importância de fazermos esse movimento de refletirmos melhor, principalmente sobre tudo o que tem acontecido este ano que está sendo atípico para todos”, afirmou Paiva.
Para o Subdefensor Geral do Estado, Tiago Rosa, o setembro amarelo é fonte de conhecimento para o combate ao suicídio. “A proposta de trazer as palestras é justamente para que possamos alertar nossos defensores, que tanto podem estar passando ou ter pessoas próximas com algum problema que possa levar para este caminho. Portanto, com essa conversa podemos mostrar como desenvolver as ferramentas necessárias para melhorar a saúde mental”, destacou.
Programação
O encontro, realizado em formato misto (presencial e virtual), tendo em vista atender os protocolos de saúde para evitar a disseminação da Covid-19, contou com palestras da psicanalista Mônica Portugal e da psiquiatra Alessandra Pereira.
“A maior importância deste encontro é destacar a valorização da vida, ainda mais esse ano que está atípico, onde as pessoas não estão conseguindo se encontrar, se abraçar. Além disso, ao mesmo tempo que a tecnologia aproxima, ela também nos distancia. Precisamos fazer essa reflexão para conseguir lidar com essa nova realidade”, ressaltou o presidente da Adepam, Arlindo Gonçalves.
Dentre os diversos temas concernentes à campanha, a psicanalista Mônica Portugal, explanou sobre fatores que contribuem de forma direta e indireta na saúde mental dos indivíduos. “São diversos fatores estruturantes intrínsecos ao contexto social, bem como fatores multidisciplinares, como biológicos, geográficos, emocionais, etc., que implicam na saúde do corpo e da mente dos indivíduos, sendo que essas pessoas precisam ser realmente ouvidas para que possam obter o atendimento necessário a tempo”, enfatizou a especialista.
Em seguida, a psiquiatra Alessandra Pereira, destacou sobre a rotina frenética em que as pessoas estão imersas, além de estar experenciando tempos de incertezas, haja vista o advento da pandemia da Covid-19. “Em tempos como o que estamos vivendo, as pessoas precisam praticar mais o autoconhecimento e o autocuidado, pois são fundamentais para começar a desacelerar dessa rotina frenética, conhecer o que é melhor para si mesmo, bem como aprender a se conectar com o mundo a seu redor de forma saudável para o seu corpo e sua mente”, explicou a médica.
Ainda de acordo com a psiquiatra, a capital amazonense está em posição desfavorecida nas estatísticas. “Precisamos ficar alerta, pois quando temos uma ocorrência, no mínimo, seis pessoas estão sendo afetadas ao seu redor. Além disso, mesmo com todas as subnotificações, no primeiro semestre deste ano em meio à pandemia, houve 65 casos de suicídio em Manaus. Em todo o ano passado, foram registradas 106 ocorrências”, alertou Alessandra.
Para saber mais sobre o assunto, bem como visualizar as palestras e o evento na íntegra, acesse o canal da Defensoria no YouTube (Defensoria Pública do Amazonas). E para obter ajuda, o Centro de Valorização da Vida (CVV) é um canal que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (188), e-mail e chat 24 horas todos os dias.