
Acordo com a ligação de minha mãe. Eram 6h59. Atendo o telefonema e minha mãe, com a voz trêmula fala que meu avô não estava passando bem e se encontrava no hospital. De imediato dou um pulo da cama e vou tomar um banho, para acordar de fato. Saio de casa com o coração na mão e ao me aproximar do H. Padre Colombo, vejo o carro funerário entrando pelo portão lateral. O coração se agita, como alguém a prescentir notícia ruim. Minha mãe veio ao meu encontro, chorando, dizendo que meu pai velho havia falecido. Nessa hora somos reduzidos ao mínimo possível, inconsolaveis, chorando feito menino.
Eu, sinceramente não suporto mais tantas perdas neste ano. A gente se pergunta o que fizemos ao universo, para merecer tamanho castigo.
Meu avô João era paraense, veio ao Amazonas ainda criança e foi criado pela beira do gigantesco rio Amazonas, casou-se com dona Ieda, minha avó, e juntos constituíram uma família linda, de 15 filhos. Foi pescador e criador de gado, em vários lugares das comunidades rurais, de Parintins, além de um torcedor apaixonado do Clube de Regatas Flamengo e do Boi Garantido. Foi um guerreiro que me serviu de inspiração para não titubear diante das agruras da vida.
Apesar de meu amado avô ter sido frequentador das emergências de hospital, por problemas cardíacos, nunca estamos preparados para tal partida.
Agora sigamos, com seu exemplo de singeleza, caráter e amor infinito. Com memórias e saudade, de momentos em família, que não voltará.
Gente que partiu pra ficar, vô João Pio
* Everton Auzier é jornalista