A grande esperança contra a Covid-19 é a vacina. Uma arma fundamental no combate à pandemia, que ainda desperta dúvidas e incertezas. Para a infectologista Solange Dourado, da Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), temos que acreditar na ciência, mas mantermos todos os cuidados já preconizados.
“A vacina contra Covid representa mais uma arma no combate à infecção pelo coronavírus. Além de mantermos os cuidados de uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social, a vacinação vai representar um grande passo para superação desta pandemia. Quanto mais pessoas forem vacinadas, menor número de adoecimentos e maior proteção coletiva. Eu diria que é, sim, nossa grande esperança e nossa principal estratégia de superação”, disse a infectologista.
Uma das grandes dúvidas em relação à vacina é o motivo de ser aplicada em duas doses. A médica explica que nosso organismo precisa de estímulos para produzir proteção. A primeira dose é para a produção da proteção. E a segunda dose seria uma forma de deixar a proteção mais duradoura.
“As vacinas em uso no Brasil são duas consideradas inativadas: a da Sinovac e da AstraZeneca. Assim sendo, para uma melhor resposta em produção de anticorpos, são necessárias duas doses, para que o sistema imune humano produza uma resposta protetora satisfatória e mais duradoura. O esquema indicado foi o avaliado nos estudos de fase III e que demonstraram melhor imunogenicidade. É importante seguir os intervalos que já se mostraram adequados nos ensaios clínicos. A obtenção dos resultados com eficácia depende disso”, explicou a médica.
Tradição Brasileira - Um ponto no qual o Brasil se destaca é a experiência e força de seus programas nacionais de imunização e, também, a sua tradição na produção de vacinas. O Programa Nacional de Imunização serve como modelo para o mundo inteiro.
“Nós já vimos o quanto que foi importante reduzir a frequência de doenças, como a poliomielite. A gente não vê tantas crianças com paralisia como em décadas atrás. A vacina teve seu papel marcado de grande importância, isso é inegável. As pessoas têm que pensar nisso. A gente vai ver no futuro”, disse a médica. Para ela, a Pandemia do SarsCov2 tende a desaparecer com a utilização da vacina. Relembra que isso aconteceu no passado, quando nossos antepassados utilizaram as vacinas para febre amarela, poliomielite e sarampo. “A gente viu o que aconteceu no Brasil quando diminuiu a cobertura vacinal do sarampo, vimos retornar essa doença”, lembrou a médica, referindo-se aos surtos da doença no ano de 2018.
A médica afirma que a estratégia inclui também o momento de vacinação, que determina se vai surtir efeito na sociedade. “Se não apostar agora, se não acreditar agora nesta vacina, a gente vai pagar um preço muito alto. É muito importante que a gente acredite nas vacinas, acredite nas pesquisas, acredite na ciência. Nós todos somos exemplos vivos de que as vacinas funcionam, nós sobrevivemos na infância sem as doenças que flagelavam tanto as pessoas no passado”, alertou a infectologista.
Um exercício mental seria imaginar um mundo sem vacinas. Como estaríamos e como seria nosso cotidiano. Para a médica, teríamos escolas esvaziadas, com muitas crianças com deficiências físicas, sem membros superiores e inferiores, além de uma mortalidade infantil absurda. “A gente não quer nem pensar como seria a nossa vida sem a evolução e uso correto de tantas vacinas, que nós temos para nos ajudar. Eu acho que é uma reflexão que cada pessoa tem que fazer”.
Não é hora de baixar a guarda - Mesmo que a pessoa já tenha recebido a primeira dose da vacina, é fundamental manter todos os cuidados: Usar máscara, álcool em gel e distanciamento social. Somente após a segunda dose a sociedade terá uma real situação do impacto da vacina, em relação à transmissão. “Nossa expectativa é de que no futuro possamos tirar as máscaras”, confia a médica. Dra Solange disse ainda que se vacinar é um ato de amor ao próximo, principalmente àqueles que não podem receber a vacina neste primeiro momento.