Goiânia - Mergulhada na pior crise política do seu governo, que se vê confrontado com retaliações do Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff pediu nesta quinta-feira, 19, "tolerância" e destacou que "todos temos a obrigação de respeitar a democracia". O comentário foi feito durante solenidade de assinatura da ordem de serviço do BRT Norte-Sul, em Goiânia, em evento que contou com um forte esquema de segurança que blindou a presidente da eventual presença de manifestantes contrários ao governo. Foi a primeira agenda pública da presidente fora do Palácio do Planalto desde as manifestações do último domingo.
"Nós somos um País um país democrático, em que a gente disputa durante a eleição. Acabou a eleição, eleitos aqueles que o povo escolheu, a gente passa a governar", discursou a presidente, depois de ouvir mensagem de apoio do governador tucano Marconi Perillo.
"Os nossos caminhos, governador, sempre se encontraram porque nós somos republicanos e democratas. Nós temos a noção da coisa pública e respeitamos uma das questões fundamentais no nosso País, porque foi conquistada com muito esforço, com muita dor, foi conquistada num processo que muitas pessoas mais novas não viveram, conquistada apesar de prisões, de exílios e de mortes. Temos obrigação de respeitar a democracia", prosseguiu a petista, sendo interrompida por aplausos de uma plateia que lotou o saguão do Paço Municipal, em Goiânia.
A maioria dos presentes eram servidores públicos beneficiados com o ponto facultativo decretado pelo prefeito Paulo Garcia (PT) e representantes de movimentos sociais, como o MST e a CUT.
Tolerância. Em sua fala, a presidente destacou que na democracia, há o direito de "todos falarem, todos se manifestarem e todos serem ouvidos".
"Por isso eu peço tolerância e peço uma outra questão: diálogo. Porque o diálogo implica que a gente olhe o próximo, aquele com quem nós dialogamos, como uma pessoa igual a nós, que a gente tenha a humildade de nos colocar a nível de todos e não nos acharmos nem melhor, nem pior que ninguém", disse Dilma.
Sem fixar prazos, a presidente reiterou que o governo vai lançar a terceira fase do programa Minha Casa Minha Vida, com a previsão de construção de 3 milhões de moradias. Em 3 de julho de 2014, a presidente já havia confirmado a nova etapa do Minha Casa Minha Vida.
Outra velha promessa da presidente foi lembrada no discurso - a oferta de 12 milhões de vagas na segunda etapa do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). "Esses 12 milhões que nós vamos ampliar vão permitir que mais pessoas façam a formação profissional, e eu estou aproveitando e falando isso aqui para que seja possível que todo mundo saiba, aqueles que se interessam, que eles poderão ter acesso a esse curso", destacou a presidente.
A oferta de 12 milhões de vagas já havia sido anunciada por Dilma em 18 de junho de 2014.
Segurança reforçada. Quatro dias depois de cerca de 60 mil pessoas irem às ruas de Goiânia contra o governo Dilma Rousseff, o Palácio do Planalto e a prefeitura local montaram uma operação de guerra para blindar a presidente de qualquer contato com manifestantes durante sua passagem pela capital goiana.
A reportagem flagrou ônibus da prefeitura transportando funcionários e populares simpatizantes ao governo para o local do evento, enquanto agentes da guarda civil metropolitana tentaram conter o avanço de manifestantes anti-Dilma. O esquema de segurança foi reforçado e jornalistas tiveram revistados até kits de higiene
Em um esforço para encher a solenidade de militantes petistas, a prefeitura decretou ponto facultativo para os funcionários que trabalham nas repartições com sede no Paço Municipal.// Estadão