Paulinho Faria e Arlindo Júnior: Dois Gigantes que Marcaram a História do Festival de Parintins

Durante a era em que esses dois gigantes se enfrentavam no Bumbódromo, o Festival de Parintins acontecia tradicionalmente nos dias 28, 29 e 30 de junho

Paulinho Faria e Arlindo Júnior: Dois Gigantes que Marcaram a História do Festival de Parintins Foto: Divulgação (Paulinho e Arlindo) Notícia do dia 09/06/2025

Uma fotografia antiga daquelas que o tempo não apaga eterniza um encontro de lendas: Paulinho Faria e Arlindo Júnior. A foto foi publicada no grupo dos "Parintinenses no Mundo". 

 

Arlindo e Paulinho, dois nomes que, mesmo em lados opostos da arena, ajudaram a escrever os capítulos mais marcantes do Festival Folclórico de Parintins. Com vozes únicas, presenças cênicas e profunda ligação com seus bois, eles foram mais do que apresentadores: foram artistas essenciais para o crescimento e a consagração do espetáculo amazônico.

 

A Voz da Tradição Vermelha

 

Paulinho Faria começou sua trajetória no Boi Garantido em 1975, durante a primeira Alvorada do boi, evento que passou a marcar simbolicamente o início da temporada bovina em Parintins. Mas sua ligação com o boi da Baixa era ainda mais antiga: aos 13 anos de idade, ele já atuava como radialista na Rádio Alvorada, apresentando programas voltados ao Boi Garantido. Desde cedo, mostrou seu talento comunicativo e a paixão por sua cultura.

 

Na arena, brilhou por décadas. Foi apresentador do Boi Garantido desde os anos 1970 até os anos 2000, acumulando um total de 25 vitórias no Festival. Entre 1991 e 1993, chegou a exercer uma função dupla, atuando simultaneamente como apresentador e levantador de toadas — feito raro e de enorme responsabilidade artística.

 

Além de ser uma das vozes mais marcantes da história vermelha, Paulinho era também um criador de identidade. Foi ele quem cunhou slogans icônicos, como:

 

“O Mais Querido”

 

“O Boi do Povão”

 

Estes lemas atravessaram gerações e até hoje fazem parte do repertório emocional do torcedor vermelho.

 

Paulinho Faria também foi protagonista de um dos momentos mais simbólicos da rivalidade festivalense. Em 2002, durante sua apresentação, ele incentivou — com muito bom humor — a torcida do Caprichoso a fazer a contagem regressiva que antecede a entrada triunfal do Garantido na arena. O gesto, além de corajoso, tornou-se histórico.

 

O Pop da Selva Azulada

 

Arlindo Júnior, por sua vez, brilhou no Boi Caprichoso com uma trajetória marcada por versatilidade, carisma e amor ao folclore. Foi levantador de toadas entre 1989 e 1999, e retornou à função nos anos de 2005 e 2006, encantando o público com sua voz poderosa, que misturava o regional com o pop.

 

Também foi apresentador do Caprichoso de 1998 a 2004 e novamente em 2014, levando com maestria a missão de conduzir os rituais do boi da Francesa no Bumbódromo. Arlindo era emoção pura: cantava, interpretava, dançava — dominava o palco como poucos. Seu legado vai além das apresentações. Foi responsável por popularizar a imagem do artista amazônico, abrindo espaço para a nova geração de talentos.

 

Quando o Festival Era em 28, 29 e 30 de Junho

 

Durante a era em que esses dois gigantes se enfrentavam no Bumbódromo, o Festival de Parintins acontecia tradicionalmente nos dias 28, 29 e 30 de junho, acompanhando o calendário das festas juninas. Era uma época em que a ilha inteira vivia intensamente a cultura popular.

 

A partir de 2005, a disputa passou a ser realizada no último final de semana de junho, mudança pensada para melhorar a logística turística e atrair mais visitantes para a ilha.

 

Legado Imortal

 

Infelizmente, os dois gigantes nos deixaram cedo demais.

 

Arlindo Júnior faleceu em 29 de dezembro de 2019, vítima de câncer no pulmão, após uma luta longa e corajosa.

 

Paulinho Faria faleceu em 17 de fevereiro de 2022, em decorrência da COVID-19, deixando uma enorme saudade entre os amantes da cultura parintinense.

 

A fotografia que os reúne é mais que um retrato: é o símbolo de um tempo áureo, de duas lendas que, cada uma à sua maneira, deram alma, voz e coração ao Festival de Parintins. Eles viverão para sempre nas toadas, nos gritos de guerra, nas cores da arena e no povo que carrega essa história no peito.

 

Paulinho Faria e Arlindo Júnior — eternos apresentadores da emoção.