
O glamour e a política dividiram o palco do Teatro Amazonas. Na cerimônia de abertura do 58º Festival Folclórico de Parintins, dia 28 de março de 2025, quem brilhou, além de Caprichoso e Garantido, foi a dobradinha entre o governador Wilson Lima (União Brasil) e o prefeito de Parintins, Mateus Assayag (PSD).
Sorrisos, elogios, fotos de mãos dadas e declarações públicas de parceria institucional marcaram o momento.
O evento também marcou a estreia do novo secretário de Cultura e Economia Criativa, Caio André, que atuou como coanfitrião ao lado do governador Wilson Lima na abertura do Festival. Além disso, foi o segundo ano consecutivo de Fred Góes na presidência do Boi Garantido e também o segundo ano de Rossy Amoedo à frente do tricampeão Boi Caprichoso, reforçando a continuidade e o fortalecimento das lideranças nos bois-bumbás.
E enquanto os holofotes iluminavam Wilson e Mateus no palco, uma ausência foi mais comentada do que muitas presenças: Brena Dianná simplesmente não apareceu. Nem na plateia. Isso mesmo!
A ex-candidata que em 2024 era tratada como a preferida ao cargo de prefeita de Parintins ficou de fora da festa este ano. E não foi por falta de convite, foi por falta de clima político mesmo.
Semana complicada pra Brena
A verdade é que a semana não foi nada boa pra ela. Brena estava com esperanças de assumir uma vaga na Assembleia Legislativa do Amazonas, já que é segunda suplente do União Brasil. A expectativa era que a deputada Joana Darc saísse para virar secretária e abrisse vaga, num contexto em que a vereadora Professora Jaqueline, de Manaus, também permanecesse em seu cargo na Câmara.
Mas o governador Wilson Lima nomeou outra pessoa: Leda Maria Maia Xavier, ligada à própria Joana. Resultado: sem vaga, sem cargo, sem comemoração.
Enquanto isso, no palco principal…
Lá no Teatro Amazonas, Wilson e Mateus estavam no maior entrosamento. O governador fez questão de citar a presença da deputada estadual Mayra Dias (AVANTE) e do presidente da Câmara de Parintins, Cabo Linhares (PL), ambos prestigiando o evento.
Mayra é esposa do ex-prefeito Bi Garcia (PSD), um dos nomes mais influentes da política local. Bi, ao lado do senador Omar Aziz (PSD) e do deputado federal Saullo Vianna (União Brasil), foi peça-chave na articulação da campanha vitoriosa de Mateus Assayag em 2024, que terminou com a derrota de quem? De Brena Dianná, claro.
Ou seja, o grupo que tirou Brena do páreo agora está ali, prestigiando Caprichoso, Garantido e, claro, o anfitrião do evento, Wilson Lima.
Um evento mais simbólico do calendário político e cultural do Amazonas. Aliás, o ex-prefeito Bi tem dito que a eleição de 2024 já foi, é passado. Agora é olhar para frente, trabalhar nos bastidores em 2025 e construir 2026.
Wilson e Mateus deixaram claro nas entrelinhas: "não existe dificuldade dos dois lados" para um "Tempo de Retomada" de parceria que hoje é institucional, mas que pode virar política também, tudo em nome do "Povão" da Ilha Tupinambarana.
Um olho no Festival 2025, o outro na eleição de 2026
Os gestos entre Wilson Lima e Mateus Assayag não são só de boa vizinhança. Tem leitura política sim, e muita.
Em 2026, Wilson deve disputar o Senado Federal. Já Mateus não será candidato, mas vai apoiar um palanque de peso: Omar Aziz para o governo estadual, Mayra Dias para reeleição na ALEAM, Saullo Vianna na Câmara Federal e o senador Eduardo Braga (MDB) para a segunda vaga no Senado.
Wilson sabe que ter o apoio da situação e da oposição em Parintins é uma baita vantagem, e o movimento já está sendo costurado, em plena abertura de Festival.
E Brena? Fora do plano A para 2026?
Com a ausência no Festival e distante da ALEAM, Brena Dianná vai perdendo espaço político. Aquela estrutura pesada que teve em 2024, com apoio do Estado e do União Brasil, dificilmente vai se repetir. O jogo mudou. Os aliados também.
Política é como uma boa partida de futebol: tem hora que empolga e tem hora que silência.
Fora do plano A para 2026 (2)
Além de tudo isso, tem um detalhe que pesa, e muito, para o futuro de Brena Dianná: Wilson Lima será candidato ao Senado Federal em 2026. E, para isso, ele vai precisar montar um palanque bem mais amplo, com vários candidatos à reeleição para a ALEAM e para a Câmara Federal, tanto em Parintins quanto em outros municípios do Baixo Amazonas.
Ou seja: aquele cenário de “estrutura exclusiva”, que Brena teve em 2024 com apoio do União Brasil e do governo, não vai mais se repetir. O governador terá que dividir o bolo com outros aliados estratégicos e, nesse novo arranjo, Brena vai ficando sem espaço — nem estrutural, nem político.
Mandato se conquista com três coisas importantes: votos, apoio político e estrutura de campanha.
Tentando manter um palanque permanente da derrota
Brena Dianná parece não estar disposta a fazer uma leitura realista do momento político e nem seus mentores. Nesta semana, ela voltou à cena como de costume: no estilo “bolsonarista raiz”, apareceu em vídeo atacando adversários, tentando forçar um clima de palanque eleitoral permanente.
Vai até estrear como apresentadora de programa de TV, posando como porta-voz dos menos favorecidos, mas todo mundo já sacou que os objetivos são puramente eleitorais.
Ações são sempre importante, mas sem a dosagem necessária, pode jogar água na canoa.
Afinal, o jogo eleitoral só começa mesmo no segundo trimestre de 2026. E quem entra na arena antes da hora, como "franca atiradora", acaba virando alvo fácil. Especialmente quando carrega temas delicados, como as polêmicas do tal "QG do Crime da Disney", denúncias de funcionários fantasmas seus parentes, além do eterno questionamento sobre residir em Manaus e não em Parintins e sua função de coordenadora do Calha no Baixo Amazonas.
Wilson Lima joga com inteligência: seu último Festival de Parintins como governador
E tem mais um simbolismo por trás da presença marcante de Wilson Lima no Teatro Amazonas: esse é o último Festival Folclórico de Parintins que ele participa como governador.
Em 2026, por causa da eleição, Wilson terá que deixar o cargo no dia 6 de abril, passando o comando do Estado para o vice, Tadeu de Souza (AVANTE). E como o Festival acontece no final de junho, ele não estará mais no cargo quando Caprichoso e Garantido entrarem na arena.
Ou seja: esse evento foi mais do que cultura, foi política, bastidor e preparação para o Senado Federal, objetivo que Wilson já deixou nas entrelinhas.
Texto: Hudson Lima
DRT 0001658-AM
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Fotos: Assessorias