Parintins mantém viva a tradição da alumiação no Dia de Finados

Parintins mantém viva a tradição da alumiação no Dia de Finados Foto: Sidney Simas / Júnio Preto (aérea) – SECOM Notícia do dia 03/11/2025

Milhares de velas acenderam a noite de domingo, 02, na conhecida “Alumiação” em homenagem ao Dia de Finados no Cemitério Municipal São José, atrás da Catedral de Nossa Senhora do Carmo. A população de Parintins compareceu em massa para manter a tradição religiosa de reverenciar a memória dos entes queridos, manifestar fé, amor, elevar orações, em um encontro de lembranças das famílias. A Prefeitura de Parintins garantiu segurança e estrutura durante todo o dia.

 

Alegria Pacheco, 81 anos, ainda recorda quando iniciou a alumiação com os pais Francisco Braga Pacheco e Miquilina Gaia Pacheco (in memoriam). "Eu tinha sete anos e já 'alumiava'. Eu acompanhava meu pai e minha mãe no Caburi, aqui em Parintins ou no Mocambo, onde tenho parentes sepultados. Todo tempo alumiando no Dia dos Finados. Agora muitos nem fazem mais isso. É uma tradição antiga", conta ao lado do irmão mais velho, Manoel Gaia Pacheco, 83 anos.

 

 

O jornalista Marcos Santos explica a origem do termo alumiação, expressão popularmente usado pelos parintinenses para designar o Dia de Finados. "É um modo de falar genuíno dos nossos caboclos do interior. A alumiação de Parintins é o Dia de Finados, momento de iluminar os entes queridos. Minha avó, que sempre viveu na zona rural, falava algumas palavras que eu desconhecia, apresentava pra mim um dicionário. Assim, fui aprendendo a respeitar o modo de falar dos ribeirinhos", relembra.

 

No campo santo, um dos locais de maior visitação do público e mais iluminado era o cruzeiro. "Além de ser o local para imolação oracional em honra à memória de pessoas desconhecidas, pessoas de outros credos não cristãos ou parentes enterrados em outros lugares também é, no caso de Parintins, onde se encontram depositados os restos mortais dos indígenas recolhidos quando da limpeza do terreno, visando a construção da Catedral Diocesana de Parintins", revela o professor de história, Valdson Soares.

 

 

A afirmação tem base em dados oficiais da municipalidade e da Igreja Católica. "Antigamente, o local era um cemitério indígena, precedia o cemitério São José, na época dito como o local de enterro de "pessoas dignas, de boa índole e reta atitude", complementa Valdson Soares. O professor de história também pondera "não podemos esquecer do Cemitério Judeu de Parintins que é o mais antigo e um dos raros na Amazônia que mantém vínculo com o Rabinado de Jerusalém, pois compartilha "a mesma terra dos filhos de Abraão que em outras terras amazônicas devem descansar", complementa.

 

A data é marcada por emoção, lembrança, reconhecimento e homenagem. O Dia dos Finados movimenta a cidade num cortejo de alumiação que destaca o cemitério São José à noite como um grande ponto de luz, simbolizando que a vida continua após a morte.