
O vice-governador do Amazonas, Tadeu de Souza, afirmou que a Amazônia vive “uma guerra silenciosa” e alertou para o avanço do narcotráfico nas hidrovias da região, transformadas em rotas estratégicas do crime organizado internacional. Em artigo publicado no site da revista Veja, nesta quarta-feira (15/10), Tadeu destaca que o tráfico de drogas desafia a soberania do Brasil.
Na publicação, o vice-governador apontou que rios como o Solimões, Japurá, Içá, Javari, Purus e Negro, que deveriam impulsionar o desenvolvimento sustentável, tem sido usados por criminosos para o escoamento das drogas produzidas na Colômbia e no Peru, rumo ao sudeste do Brasil e à Europa.
Para Tadeu de Souza, a geografia e a ausência do Estado brasileiro tornam a Amazônia vulnerável à ação de facções criminosas que mantêm alianças com grupos armados colombianos e controlam o tráfico até os portos de Manaus, Belém e Santarém. “São os mesmos rios que alimentam a floresta, agora convertidos em rios de pó”, escreveu.
O vice-governador ressaltou que o tráfico de drogas está inserido no que chamou de “ecossistema criminoso”, que se alimenta da ausência do Estado brasileiro e da vulnerabilidade social, incluindo garimpo, pesca e madeira ilegais, biopirataria e tráfico de pessoas, o que representa uma ameaça à população, principalmente no interior.
“Essas facções não apenas movimentam drogas, elas controlam territórios. Em áreas do Médio Solimões, surgiram os ‘ratos d’água’: grupos que roubam cargas de narcotraficantes e revendem o produto em comunidades isoladas, perpetuando a dependência e a violência. É um ciclo perverso que transforma a floresta em campo de batalha e aprisiona populações ribeirinhas”, enfatizou.
Reação ao crime
Tadeu de Souza destacou a criação das Bases Fluviais Arpão I e II, instaladas nos rios Solimões e Negro, que ajudaram a reduzir o fluxo de drogas. Apesar dos avanços, o vice-governador afirmou que o Estado brasileiro ainda não acompanha a velocidade do crime, que se beneficia de tecnologia, corrupção e conexões internacionais.
No texto, Tadeu defendeu a ampliação de iniciativas como o programa federal Amazônia Segurança e Soberania (Amas) e o Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI), sediado em Manaus, mas cobrou do governo federal maior coordenação entre diplomacia e economia para enfraquecer o poder financeiro das facções.
“Combater o tráfico sem atingir o eixo financeiro do crime é enxugar gelo. A Amazônia não é o problema. É a fronteira decisiva para o Brasil provar que desenvolvimento e segurança podem, enfim, navegar na mesma direção”, concluiu o vice-governador.