
A Mostra Artística do projeto “Chão de Terreiro”, que será realizada no sábado (11 de outubro), às 9h, no Terreiro/Centro Cultural Ogum Beira-Mar e Cabocla Mariana, em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), é o resultado das oficinas psicopedagógicas de arteterapia que proporcionaram a crianças com deficiência um espaço de expressão, inclusão e desenvolvimento integral.
O projeto conta com o apoio do Governo do Estado, via Conselho Estadual de Cultura e Secretaria de Estado de Cultura e Econômia Criativa (SEC) e Governo Federal, contemplado com o incentivo da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB).
O público conhecerá trabalhos artísticos, performances e vivências criativas desenvolvidos ao longo do projeto. As produções revelam o potencial sensível, cognitivo e social de cada participante.
Serão expostos 20 desenhos (com técnicas de lápis de cor e giz de cera sobre papel Canson) e 14 telas (com técnica de tinta acrílica sobre tela).
De acordo com o coordenador e artista visual Denner Silva, entre os meses de agosto, setembro e início de outubro foram realizadas oficinas de desenho e pintura com crianças autistas e com outras deficiências, frequentadoras do Terreiro Ogum Beira-Mar e Cabocla Mariana e moradoras das regiões próximas como Loteamento Teixeirão e Ocupação do Castanhal, áreas em vulnerabilidade social. Ao todo, 15 crianças e adolescentes participaram das atividades.
Ainda segundo Denner Silva, que ministrou a oficina de desenho, o “Chão de Terreiro” é o primeiro projeto com essa perspectiva de ação social e cultural envolvendo pessoas pertencentes a povos de terreiro em Parintins.
Ele explica que a iniciativa se baseia na Lei nº 13.146/2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais, visando à inclusão social e à cidadania.
O produtor Rômulo Igor destaca que o projeto tem como objetivo oferecer às crianças com deficiência um espaço de desenvolvimento social, cognitivo e intelectual, com acompanhamento de profissionais capacitados para promover a qualidade de vida, por meio de oficinas psicopedagógicas de arteterapia.
Ele enfatiza que esses momentos também servem para valorizar a diversidade, a fé e o afeto, reafirmando o compromisso com a promoção da qualidade de vida, o respeito às diferenças e o amor como princípio de inclusão.
“Mais do que uma exposição, o ‘Chão de Terreiro’ é um encontro de saberes, cores e sentimentos, onde cada obra reflete o poder transformador da arte e o acolhimento da comunidade dos povos de terreiro”, afirma Rômulo Igor.
O Terreiro e Centro Cultural Ogum Beira-Mar e Cabocla Mariana é um espaço de acolhimento, ressalta o produtor.
“No terreiro é possível uma conexão com o espiritual, expandindo a mente, o corpo e a alma para compreender a igualdade de todos os seres humanos, a partir da caridade, do amor e da percepção de que somos todos irmãos aos olhos de Pai Oxalá”, explica.
Acolhimento e visibilidade
O projeto parte da necessidade de um olhar sensível às crianças em acompanhamento clínico ou com diagnóstico confirmado de deficiência, promovendo acolhimento e visibilidade dentro de uma comunidade tradicional de matriz africana.
O ineditismo da proposta está em trabalhar com pessoas com deficiência (PcDs) em um espaço de povos de terreiro, localizado em uma área de vulnerabilidade social, onde programas públicos de apoio são escassos.
Além de Denner Silva, também participaram do projeto Rômulo Igor, produtor executivo e o artista Jr. Fuziel, como oficineiro.