Fotos: Andrey Vinente
Notícia do dia 21/11/2025
Localizado no Bairro Teixeirão, em Parintins (AM), o Quilombo Urbano de Santa Izabel teve sua história contada na tarde deste dia 20 de novembro no Documentário “Rotas Quilombolas”, lançado no Auditório do Complexo Estação Cidadania “João do Carmo”.
A produção audiovisual é de autoria de Cícero Antônio, aquilombado e parceiro do movimento que retrata vivências e saberes do Quilombo São Pedro (Rio Andirá/Barreirinha), fruto da parceria entre o Quilombo Santa Isabel e a Escola Estadual Senador João Bosco.

Os registros foram feitos durante a ação solidária “Um Dia Feliz” com doação de brinquedos, interações entre estudantes e a comunidade quilombola e apresentação do projeto QUILOMBOI – símbolo de resistência e conexão cultural.
Remanescentes do Quilombo São Pedro (Rio Andirá/Barreirinha), as representantes do quilombo tiveram falas de memória, luta e resistência.
Músico, educador social, militante negro, delegado nacional da 5° CONAPIR, 2025, parceiro estratégico aquilombado no Quilombo Santa Izabel de Parintins, Cícero Antonio afirma que esperou doze anos para poder trazer para o salão principal da cidade o tema étnico racial

A Secretária Municipal de Cultura, Rozenilce Santos, representou o prefeito Mateus Assayag e a vice -prefeita Vanessa Gonçalves com a afirmação que a cultura é um compromisso coletivo.
“É uma ação necessária que diariamente se busca reparar e desmistificar a história do povo negro. Hoje é um dia de debate para descontruir o preconceito, o racismo. E como é importante a participação do poder público por meio da assistência social, da cultura, da educação. Temos um gestor que é consciente e abraça todas as causas”, ressaltou a secretária.
Integrante do Quilombo Santa Izabel, Leilane Souza, recordou a luta percorrida pelas famílias há cinco anos. “Percorremos um caminho difícil e o CRAS abraçou a nossa história. Tenho gratidão enorme por esse lugar. Nossa luta é difícil. Todos os dias lutamos pela saúde, educação, cultura e outros direitos Pode parecer uma ação pequena, mas para nós é histórico”, destacou.
A história viva está dentro do quilombo onde reside o patriarca Seu Clarizo, de 101 anos. “É com ele que começa a nossa história e hoje a gente comemora a nossa voz, a nossa cor”, afirmou.
Ela agradeceu a Prefeitura, citando o CRAS União e os primeiros contatos feitos com os servidores Josete, Ray Santos e Cícero Antônio. “A prefeitura tem abraçado a nossa causa, eu vejo que o prefeito entende que Parintins é uma cidade que respira arte e cultura, não poderíamos ter escolhido melhor o nosso gestor”, agradeceu.
Clarice Castro, filha do patriarca Clarizo, fez questão de falar do orgulho de ser quilombola. “Somos feitos da resistência negra, dos que resistiram à fome, ao sol, nossos avós e bisavós. Saber que sou filha da resistência, tenho muito orgulho”, declarou.
Mauricéia Garcia, que também é membro da coordenação do quilombo, apresentou as filhas que estudam na Escola Luz do Saber, enfatizando que as meninas se autodeclaram quilombolas. “O nosso trabalho está forte com as nossas crianças, são elas o futuro da nossa geração”, enfatizou.
Professora na Escola São Francisco de Assis em Parintins, Gizele Oliveira, foi a única mulher a participar da demarcação territorial do Quilombo São Pedro, onde ela reside. “Meu nome está lá na cartografia, passei dois anos no Matupiri. Hoje é um marco da nossa história e ter o poder público abrindo as portas para nossa fala é importante”, destaca.