Prefeitura de Parintins fortalece atendimento através do CRAS às famílias do Quilombo Santa Izabel

Prefeitura de Parintins fortalece atendimento através do CRAS às famílias do Quilombo Santa Izabel Fotos: Arquivo Quilombo Santa Izabel Notícia do dia 13/11/2025

No mês que celebra a Consciência Negra, o Quilombo Santa Izabel de Parintins recebe ação de cidadania da Prefeitura de Parintins, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, Trabalho e Habitação (Semasth) e o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS União). O município é referência na valorização das comunidades quilombolas.

 

Remanescentes do Quilombo São Pedro do Rio Andirá, duzentas famílias residem hoje em Parintins nos bairros Castanhal, União e Teixeirão. “Quem descobriu o Quilombo Santa Izabel foi o CRAS União, pioneiro na descoberta de nossa família, através da Tia Izabel, usuária do CRAS e a partir desse momento a Prefeitura começou a dar assistência aos povos que necessitavam de apoio”, contou Leilane Belém, integrante da coordenação do quilombo.

 

 

Para eles, o CRAS foi a porta de entrada para os serviços socioassistenciais e instrumento essencial de apoio, escuta e fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários com acesso a oficinais de empreendedorismo, palestras e programas do governo federal.

 

Entre os serviços, o primordial foi a inclusão das famílias no Cadastro Único, que identifica famílias de baixa renda. “Um dos mais importantes foi o acesso ao Bolsa Família. A maioria dos povos não tem estudo para conseguir um trabalho. Tudo que a gente precisa de assistência o CRAS União tem nos dado”, ressalta.

 

 

Outro benefício foi a autodeclaração, principal critério para a identificação de famílias quilombolas no CAD Único. “Quando se trata de autodeclaração nós passamos por um processo de estudo dentro do território, no nosso caso no Matupiri. Quando a gente chega à Parintins, o Cras União abre as portas para fazer o cadastro onde vai ser trocada a nossa cor de parda para preta. E no site do governo federal vamos ser reconhecidos e declarados quilombolas. Dentro das escolas nossos filhos são mapeados para que eles sejam tratados com respeito e dignidade, porque o racismo e o preconceito são muito fortes”, repudia Leilane.

 

Ela conta que no início foi difícil a autoaceitação. “Hoje nosso trabalho reflete nas nossas crianças que se auto afirmam quilombolas. A gente trabalha para que a nova geração siga em frente. A coordenação é resultado do racismo, do preconceito das pessoas olharem diferente para nós”, comenta.

 

 

Cursando o 7º período de Enfermagem, técnica em Administração, artesã e empreendedora, Leilane é a única negra na sala de aula e vê a resistência na sua cor. “É difícil as pessoas entenderem o racismo ambiental, o racismo recreativo que não deveria existir dentro das faculdades”, critica.

 

A luta pela certificação do quilombo é destacada por Mauricéia Garcia de Freitas, acadêmica de Pedagogia, agente de saúde e artesã participante da 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CONAPIR), que emitiu toda a documentação para a Fundação Cultural Palmares, reconhecendo oficialmente comunidades remascastes de quilombos, fortalecendo sua identidade e garantido o primeiro passo para a titulação de suas terras.

 

Além do reconhecimento historio e cultural, a certificação é um passo fundamental para garantir acesso a políticas públicas, programas sociais e fortalecimento dos direitos da comunidade. “Contamos com os nossos parentes que fazem parte dos institutos nos trâmites legais para a certificação, apresentamos no período da Conferência", afirma.